3.23.2006

Boavista 2 - 0 Lazio

Passando a vista pela sempre rica em pérolas futebolísticas, RTP Memória, eis que me notei paralisado ao ver o jogo da 2ª eliminatória da Taça UEFA de 1993, Boavista contra Lazio, segunda mão, em pleno estádio do Bessa.

Os axadrezados venceram por 2-0, passando à ronda seguinte e eliminando uma equipa onde pontuavam ícones como Casiraghi, Signori, Marchegianni, Di Matteo, Fuser, Winter, Favalli, entre outros. Na equipa portuguesa quem se destacou, a meu ver, foi o panzer Bóbó, o todo-terreno Rui Bento, a dupla de centrais que se complementava como poucos, com Nogueira a vencer todos os lances aéreos e Pedro Barny, mais evoluído técnicamente, a ser o elemento que lançava os ataques, com sucessivos pontapés largos à procura do tridente ofensivo, constituído por Artur e Marlon em apoio ao ponta de lança Ricky, temível goleador e quem decidiu a eliminatória.

Mas largando agora o saudosismo, passemos ao pagode. Esgotado, a 5 minutos do final da partida Artur é substituído por uma forte promessa boavisteira.

Bambo entra em campo cheio de vontade de ajudar a equipa a segurar o resultado. Vai jogar para o mesmo local onde o brasileiro se tinha posicionado durante 85 minutos, descaído num dos flancos a apoiar o ataque.

Bambo, aqui já numa fase posterior da sua carreira, em Leiria, sempre foi um dianteiro poderoso e respeitado nos relvados nacionais. Internacional sub-21, no entanto e estranhamente, nunca chegou a atingir a selecção A.

Ora mal acaba de entrar, já estava em auxílio defensivo: fechando na esquerda, viu-se num duelo de 1 para 1 com Diego Fuser, um dos mais proeminentes extremos direitos italianos da década de 90. Fuser, vendo Bambo à sua frente, tenta passar em velocidade pela linha lateral, enquanto o africano o tenta evitar, mas a falta de rins deste último, juntamente com o terreno molhado, propiciam nada mais do que uma valente escorregadela que culmina numa cómica e inevitável queda de barriga para baixo, já para lá da linha lateral.

Como se isto não fosse suficiente, passado 2 minutos a Lazio,
claramente descompensada devido ao resultado desfavorável, perde a bola e Nogueira desmarca Bambo, novamente no flanco esquerdo, mas agora, como ele mais gosta, a atacar. Mais uma vez, 1 para 1, Bambo, qual David Ginola, extremo esquerdo destro, puxa para dentro e, à entrada da área, apesar da ténue oposição do defensor laziale, disfere um remate inacreditávelmente mau: força, muita força, demasiada força, para cima, muito para cima, para fora do estádio. À entrada da área, Bambo consegue disparar um tiro que atingue proporções astronómicas quer na variável-força, quer na variável-altura. O árbitro teve que pedir outro esférico enquanto Bambo voltou, timidamente, para o seu meio campo.

Nogueira recupera o esférico e endossa-o a Bambo, encostado à esquerda. Este, furando para o meio em direcção à baliza de Marchegianni, remata forte e vertiginosamente na direcção em que estava virado.

Indiferente a tudo isto, no entanto, passados outros 2 minutos e graças ao apito final, Bambo celebrou com os restantes discípulos de Manuel José, como se também ele fosse um dos obreiros de tamanho feito europeu.

3 Comments:

Blogger XBES said...

tens rtp memória em madrid?!

6:41 da tarde  
Blogger LCF said...

Por acaso estou neste preciso momento em Lisboa, mas sim, tenho tvcabo por satélite em Madrid. Chato, não é verdade?

8:43 da tarde  
Blogger Manu said...

Excelente momento revivalista!

Em 93 lá estava eu no velho Bessa a assistir a tudo isto. Se não fosse a nabice do Winter no último minuto bem que essa eliminação da Lazio tinha ido por água abaixo.

Quanto a Bambo, a imagem que dele tenho é mesmo essa...

Muito bom!

4:24 da tarde  

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