4.14.2006

Ausência prolongada

Meus caros amigos bloguistas,

Tenho andado muito calado. Este semestre está muito complicado, mesmo para jogar frequentemente futebol! No entanto, após a tradicional viagem em família anual (pela altura da Páscoa sempre) que decorreu pelo norte de Portugal de Domingo passado até a ontem, regresso para escrever sobre um assunto que me tem deixado francamente espasmado (vem mesmo de "espasmo").

João Pinto... Todos os que me conhecem minimamente sabem que sempre tive o jogador axadrezado em alta estima, mesmo nos seus tempos de benfiquismo. No entanto, não pude deixar de ficar bastante surpreendido pela estranheza dos seus comentários depois do jogo da equipa do Bessa na semana passada em Penafiel.

Não se enganem, não fiquei espasmado com os propósitos do marido de Marisa Cruz, nem os comento. Fiquei foi estranhamente surpreendido com a exposição dos ditos propósitos!

Não sei se só a mim ressaltou a ideia de que Jão Pinto, hoje em dia, é uma pessoa do Porto... Sim, eu sei que veio do Boavista para jogar no clube da Luz, e que depois veio para o Sporting, de onde saíu para o seu clube de origem. O que quero dizer é que João Pinto, após uns anos na capital, era uma pessoa da capital. Falava relativamente bem e de forma relativamente "marroquina" se é que me entendem. Ou por outras, João Pinto, neste momento, fala como um agricultor. Não é como um proprietário agrícola, é mesmo como um agricultor. Quando ele disse "é inacreditável que nos façam isso, a nós, que trabalhamos no duro a semana toda(...)" foi claramente a cereja no bolo. Só faltava ele continuar com um "e estamos nós, cheios de calos nas mãos, por causa da apanha da batata, e eles fazem isto!".

Não estou a dizer que ele, eventualmente, não teria razão no que disse. Sinceramente não sei, porque não vi o jogo, e porque estava mais interessado no tom da conversa dele. Mas alguém que não perceba bem português (ex: um inglês que viva cá há 6 meses) e que veja aquilo, fica com a sensação que é um daqueles gajos ferrenhos da terraiola, que teve um dia complicado na vindima e que vem refilar porque houve uma inundação na horta caseira que ele tem. Nem parece um jogador que ganha 40.000€/mês ou algo do género.

A sério, apesar de continuar a ser um jogador que aprecio, João Pinto impressionou-me. A sério, estive a semana toda a pensar nisso e a fazer comparações. Em Sto. Tirso, em Caminha, em Valença, na Reguenga ou em Refoios encontrei e assisti e discursos muito semelhantes (no tom), mas entre velhos que jogavam dominó, enquanto as esposas conversavam (entre duas cuspidelas) sobre o exagero dos propósitos de cada respectivo.

Isto para não falar da miséria a que se assistiu depois. Como é que aqueles macacos (porque é mesmo isso que demonstraram ser) não têm alguém com bananas ou algo assim para os impedir de destruir uma sala de conferências que, por sinal, nem lhes pertence... mas isso é outra história.

Deixo aqui um grande abraço a todos, fico muito contente por saber que o jogo Azuis X Resto do Mundo correu lindamente no Domingo passado, tenho pena de não poder ter ido (sinceramente). Sonso tens de ser mais decente... pelo que me constou, parecias um dos tais macacos que destruiria qualquer sala de conferências ou cabana arborícola depois do jogo. Doc espero que tenhas mesmo jogado lindamente (como me disseram), espero que tenhas dedicado a tua vitória desportiva ao teu irmão (que felizmente está melhor), e espero que continues jogando assim para que a miséria futebolística da família apenas se resuma a eu e, eventualmente, a Sonso (pelo seu espírito anti-desportivo).