2.13.2006

El Gran Yekini

Caminhando pelas calles madrilenas, vejo subitamente o meu olhar congelado em direcção a uma cara aparentemente familiar. Aproximando-me para obter certezas, vejo que tudo se confirma, e nesta agora fria capital europeia, recebo um cheirinho de casa, de futebol nacional, mais uma das pérolas que me faz aguentar, dia após dia, a distância a tudo o que me é querido.

Quem era? Era Yekini, a pérola negra e um dos melhores avançados a passar quer por Setúbal - e arrisco a dizê-lo aqui -, quer pelos relvados nacionais. Infelizmente, não era Rashidi a pessoa com quem me deparei, mas sim com Rashidi o artigo na capa de mais uma revista. Desta vez, era um dos artigos laterais da revista oficial da FIFA, cuja figura de capa do passado mês de Dezembro foi Djibril Cissé (um discípulo, outro matador futebolístico com origens africanas, neste caso costa marfinenses).

Osasu Obayiuwana introduz assim Yekini aos leitores:

"Supõe-se que quando um futebolísta cumpre 41 anos chega a uma etapa da sua vida em que se regozija a reviver momentos gloriosos da sua carreira. Não obstante, Rashidi Yekini, Jogador Africano de 1993 e primeiro africano a marcar um golo num Mundial, ainda não está disposto a pendurar as suas chuteiras de futebol."
Yekini com o seu novo look, já na ternura dos 40, posando para a foto num relvado nigeriano

Mas onde estará agora este animal de área? Antes de o desvendarmos, vamos tirar meia dúzia de linhas para relembrar o percurso deste ícone do futebol africano da década de 90.

Nascido em 1964 em Kaduna, jogou em alguns clubes no seu país natal antes da ansiada saída para o estrangeiro. No caso, para o Africa Sports da Costa do Marfim. Aí foi descoberto pelo Vitória de Setúbal, tendo reforçado o clube sadino no início da época de 1990/91. Catalogado como brigão e possante, trazia no currículo o facto de ter sido o artilheiro da Taça Africana das Nações de 1988 e de ter ficado em 2º nos golos e também no ranking de melhor jogador na edição de 1990, atrás de... Rabah Madjer. Dos golos que por aqui marcou todos se lembram.

Saiu de Portugal na época do Mundial USA' 94, em que as Super Águias foram uma das surpresas da competição - Yekini liderando uma equipa de estrelas como Amokachi, Amunike, Oliseh, Okocha, Finidi, Ikpeba, entre outros -, tendo seguido para a Grécia, mais propriamente para o Olympiakos. Seguiu-se o Gijón, o CA Bizerte da Tunísia, o Al Shabab e finalmente o FC Zurique. Mas Yekini não voltou a ser o mesmo, aquele assassino futebolístico que outrora havia destruído inúmeras redes nacionais nunca mais foi visto. E isto traz-nos ao actual clube do nosso visado.


Yekini numa das mais famosas celebrações de sempre da história dos mundiais de futebol

Yekini voltou a casa e, actualmente, enverga a camisola do Gateway FC. No entanto, e apesar deste regresso vestir as cores da esperança e de almejar melhorar o futebol nigeriano compartindo experiências adquiridas, mostra-se desgostoso:

"É incrível que eu, aos 41 anos, esteja em melhor condição física que alguns jogadores de 18 anos. (...) Alguns estão dispostos a aprender, mas outros não. Aos que sim, que respeitam o que logrei, faço por aconselhá-los."

Finalmente, larga a crítica à federação nigeriana: "Há muitos jogadores que vagabundam as ruas europeias sem um clube e que poderiam regressar a casa para jogar na liga se as coisas andassem melhor."

E assim declaro, derivado do seu amor pelo jogo, Rashidi Yekini um Silvínico honorário!

Quem quiser relembrar, lendo recortes de jornais sobre a passagem de Yekini por setúbal:
yekini.vitoriafc.com